sábado, 5 de setembro de 2015

Cordel às Autoras Africanas

Prezados e chegantes leitores
Peço licença pra falar
Da literatura africana
Feminina eu vou contar
Nos países de língua portuguesa
A mulher, permita-me a franqueza,
Ocupa incipiente lugar.

Começo logo dizendo
A produção literária feminina
Apesar dos esforços africanos
Ainda não se legitima
O padrão social dominante
De caráter masculinizante
Pelo lugar da mulher não prima.

Digo e confirmo, meus amigos,
Com força e exatidão
A criação literária feminina
É modesta e com razão
Pois antes e depois da independência
A autoria feminina é reticência
Só dá homem na autoração.

Na África de língua portuguesa
Destaco com admiração fenomenal
Alda Lara de Angola
De Cabo Verde, Alzira Cabral
Manoela Margarido, de São Tomé
Odete Semedo, da Guiné
Autoras de qualidade sem igual.

Ainda tem figuras importantes
É de Moçambique, sua terra natal
Falo de Noémia de Sousa
Autora da história local
Sua poesia tem ritmo e musicalidade
Enfatiza o eu e a moçambicanidade
Sua obra é memorial.

Outra autora genial, amigos
É Ana Paula Tavares
Autora de “Ritos de Passagem”.
Dores, carências e pesares
São as marcas de sua literatura
Também ancorada na oratura
E nas palavras singulares.

Em “Prelúdio” de Alda Lara
Busca a autora a identificação
Pela imagética das realidades
Do povo desvela a situação
Tematiza a condição da mulher
Feminizando o ideal que quer
“Mãe-negra” em ressignificação.

É forte e presente, meus amigos
A poesia de Alzira Cabral
Que descreve o amor feminino
Perpassado de dor e mal
“É porque não sei se saberia”
“Descrever-te com palavras” na agonia
“Os contornos do (...) amor”sentimental.

Essas mulheres todas
Parecem ainda guerrear
Buscam novos lugares
Para as mulheres colocar
Mesmos à margem persistem
Pela poesia elas insistem
Na construção de outro lugar.

Vai ficando evidente uma coisa
Na literatura africana
As mulheres chegaram tarde
Mas com luta e muita gana
Enfrentam a desinstrução
Da mesma forma a tradição
Essa gente, pela escrita, clama.




A luta não é fácil, meus amigos
Olhando-se as antologias
É campo também de disputa
Essa batalha tem agonias
Tem separação de lugares
Definidos por culturas milenares
Qual a força e o poder das poesias?

Amigos e amigas dessa hora
Uma conclusão posso arriscar
Após as lutas revolucionárias
As literatas têm novo caminhar
Intimidade feminina
Seu universo e sua sina
São enredos a priorizar.

As escritoras africanas se valem
Do espaço literário sem fim
Procuram operar mudanças
Na poesia, romance e folhetim
Como modelam o barro e tecem fios
Vão, com força e muitos brios,
Reconstruindo dignidade, assim.



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